Pedro DominguesO Trilho do Buraco Roto é um percurso impressionante e até dramático ao nível das formações rochosas que nos permite observar. Tem grutas, tem túneis e ainda buracas, típicas de terrenos calcários. Em meses de muita chuva poderás até encontrar uma cascata algures perto do início do percurso.
É difícil tecnicamente, mas com as cordas que lhe foram adicionadas, está hoje ao alcance de mais pessoas. A minha sugestão é que o faças, no entanto, se já tiveres alguma experiência.
Como principais destaques e pontos de interesse destaca-se o centro de Reguengo do Fetal, com uma notável Igreja Matriz, o próprio Buraco Roto perto do início da caminhada, a Pia da Ovelha e o Vale do Malhadouro, e ainda o Vale dos Ventos.
É um trilho que fica localizado muito perto de Fátima, pelo que podes combinar uma visita ao santuário com a realização deste percurso. 😉 Fica na Batalha, sendo o PR2 deste município. Fica também junto da entrada para o Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros.
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Quando fazer o Trilho do Buraco Roto?
Faz o trilho do Buraco Roto em dias pouco húmidos, para que não corras o risco de escorregar ao descer as etapas do percurso sobre rocha. Claro que dessa forma encontrarás provavelmente a cascata sem qualquer água, mas a tua segurança é muito mais importante, e podes sempre regressar mais tarde, em períodos chuvosos, para ir apenas até à cascata, que fica logo à entrada do percurso!
A Primavera poderá ser a época mais bonita ao nível paisagístico, mas eu destaco um evento anual de Reguengo do Fetal que não podes perder: a Procissão dos Caracóis. Deixo-te um vídeo sobre este original evento, que ocorre geralmente no fim de Setembro ou início de Outubro.
Ponto de Partida do Trilho do Buraco Roto
O Ponto de Partida do Trilho do Buraco Roto é exatamente o centro de Reguengo do Fetal, pelo que não há que enganar. Considera a Igreja Matriz como o início e fim deste percurso pedestre da Batalha.
Mapa GPS com os principais pontos de interesse do Trilho do Buraco Roto (Wikiloc)
Não encontrei problemas de sinalização ao longo do trilho, porém, eu recomendo sempre que acompanhes qualquer trilho que faças com um mapa offline: por exemplo o wikiloc. É isso que eu faço, e neste caso, segui o percurso que deixo em baixo, partilhado pelo caminhante Ulisses Silva. Ele marcou no mapa os principais pontos de interesse do trilho, que eu também irei expor mais à frente neste artigo!
Principais Características do Trilho do Buraco Roto
- Dificuldade: Na minha opinião é moderada, mas aproxima-se do difícil, principalmente porque tem etapas de terreno que têm de ser ultrapassadas com mais cuidado, em que desces plataformas rochosas. Tem cordas nas quais te podes apoiar, o que facilita muito toda a caminhada, mas mesmo assim não o recomendo para pessoas menos experientes. A etapa do trilho mais complicada é, para mim, a que se encontra em redor da Pia da Ovelha.
- Está bem marcado!
- Desnível de cerca de 250 metros entre o ponto mais alto e mais baixo do trilho.
- Distância: caminhei cerca de 8km ao fazer o trilho do Buraco Roto.
- Trilho circular.
- Tempo: nos painéis oficiais são mencionadas menos de 3 horas. Eu demorei quase 6 horas, pois queria fotografar, filmar, admirar a paisagem com calma, e ainda voar o drone.
Opção de Trilho reduzida (~3km)!
Uma opção para quem quer conhecer o essencial mas não tem muito tempo, é a de regressar a Reguengo do Fetal após visita à Pia da Ovelha, utilizando o estradão de terra do Vale do Malhadouro que irás cruzar ao fazer o trilho oficial. No total farás apenas cerca de 3km, deixando para uma futura oportunidade o fabuloso Vale dos Ventos.
Onde dormir no dia antes de efetuar o trilho?
Se não viveres na região, poderás querer dormir na Batalha ou arredores. Dessa forma poderás transformar esta estadia numa escapadinha de um eventual fim de semana. Deixo-te algumas sugestões em baixo.
| Alojamento | Pontuação | Localização |
|---|---|---|
| Hotel Villa Batalha | 8.7 | Centro da Batalha |
| Hotel Lis Batalha | 9.1 | Centro da Batalha |
| Mosteiro View | 9.6 | Centro da Batalha |
| Monte do Mosteiro | 9.3 | Arredores do Centro |
| Casa do Outeiro | 9.3 | Centro da Batalha |
Descrição do Trilho do Buraco Roto
De seguida vou apresentar-te uma breve descrição deste percurso, com base na minha própria experiência. Os pontos de interesse em baixo indicados estão ordenados de acordo com a sequência em que aparecem no itinerário proposto.
Para informação oficial do trilho, lê o panfleto turístico do município da Batalha.
1. Centro de Reguengo do Fetal
O Centro de Reguengo do Fetal é o ponto de partida do trilho, tendo especial destaque o Largo da Praça da Fonte, ou Largo da Palmeira, e a Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Remédios, com origem no século XVI. Não deixes de admirar a fonte junto da igreja, que provavelmente deu o nome ao largo.
2. Buraco Roto
O Buraco Roto fica bem perto do início do trilho, e é composto por 3 grutas. Uma delas é na realidade um túnel que irás atravessar, enquanto que as outras 2 são cavernas.
Se fores aventureir@ e destemid@, podes entrar na caverna mais profunda, caminhando por dezenas de metros até ao lugar onde terias de descer para um piso inferior. Eu não recomendo que o faças, e nem faço ideia do que se encontra para lá deste sítio. Para continuar é importante ter formação, equipamento, e uma equipa de apoio.
Para o caso de teres curiosidade, deixo-te em baixo um vídeo que te apresenta a exploração do lugar levada a cabo por uma equipa de Espeleologia em 2015.
De relembrar que é junto do Buraco Roto que se forma uma cascata nos meses mais chuvosos. Ela cai a partir do Buraco Roto passando por baixo da ponte de madeira que ali encontrarás.
3. Miradouro para Reguengo do Fetal
Depois do Buraco Roto tens uma grande subida até ao topo do monte. Lá encontrarás um bonito miradouro para Reguengo do Fetal, como poderás ver nas fotos em baixo.
4. Vale do Malhadouro e Pia da Ovelha
Algures entre o Buraco Roto e o Vale do Malhadouro passarás por uma etapa de estrada alcatroada, com apenas alguns metros. Passarás também por um cruzeiro, antes de começar a descida para a Pia da Ovelha.
As vistas do Vale do Malhadouro são das mais bonitas do percurso, mas não te distraias muito, pois terás de ter atenção redobrada enquanto caminhas para a Pia da Ovelha. É a zona do trilho mais perigosa e mais difícil tecnicamente.
A Pia da Ovelha é uma gigantesca caverna ou “buraca” natural escavada na rocha calcária. Nela encontrarás um lugar de repouso para um piquenique, e até um canto de oração, criado em agradecimento a um suposto milagre realizado por Nossa Senhora do Fetal. O nome deste lugar vem de uma pia de água que nas épocas da chuva tinha sempre água em abundância, e que por isso, era utilizada para dar de beber aos animais.
Não vi ninguém a fazer escalada, mas sei que o Vale do Malhadouro é dos melhores sítios da região, e até de Portugal, para a prática desse desporto.
Ao chegar ao centro do vale, há que atravessar o estradão de terra e subir de novo o vale até ao topo do outro lado, de onde avistarás com clareza Reguengo do Fetal e a própria Pia da Ovelha. Será, provavelmente, o melhor miradouro do percurso.
5. Parque Eólico de Chão Falcão
Antes de chegares ao Vale dos Ventos, passarás por uma etapa menos interessante, em pleno Parque Eólico de Chão Falcão.
6. Vale dos Ventos
Vais caminhar pelo centro do Vale dos Ventos, em toda a sua extensão, e sempre a descer. Ao longo desse percurso irás passar por diversas encruzilhadas com outros trilhos, que poderás fazer mais tarde para conhecer outros pormenores da paisagem cársica da região. Eu destaco, sem dúvida, a informação que encontrei para um suposto Trilho dos Ossos. 😀
7. Ermida de Nossa Senhora do Fetal
A certa altura vais começar a avistar Reguengo do Fetal, onde terminarás o percurso. Junto da povoação sairás do estradão de terra para um pequeno caminho entre vegetação, e depois alcançarás a Ermida de Nossa Senhora do Fetal.
Na minha opinião, o recinto desta Ermida pode ser um bom ponto de paragem para um rápido piquenique ou mesmo almoço, se forem horas disso. Depois é só descer até à Igreja Matriz e terminar o trilho, mas antes admira o enorme Padrão Evocativo dos Emigrantes.
Cuidados e dicas para fazer o trilho do Buraco Roto
- Recomendo que faças este trilho com companhia, apesar de o ter feito sozinho. Tudo depende do teu grau de experiência. Se fores experiente, tenho a certeza que vais achar este trilho relativamente fácil, principalmente pelos apoios com cordas que lhe foram adicionados.
- Avisa alguém que vais fazer o trilho.
- Prepara e leva contigo um kit de primeiros socorros.
- Utiliza mapas offline (eu recomendo o wikiloc). Dessa forma poderás facilmente saber como regressar ao trilho, caso te percas, ou evitar que isso aconteça!
- Leva muita água e comida suficiente.
- Vai com muito tempo disponível. Começa o trilho de manhã, bem cedo!
- Escolhe calçado ideal para caminhadas de montanha, e claro, meias de lã ou sintéticas.
- Dá sempre jeito ter na mochila uma lanterna a dínamo, e neste trilho ainda mais, pela existência de grutas escuras para explorar junto do Buraco Roto.
- Não caminhes com a casa às costas. Caminha leve!
Por favor, não deixes lixo ao longo do trilho do Buraco Roto! Deixa apenas pegadas!
Seguro de Viagem IATI para fazer o Trilho do Buraco Roto (5% desconto)
Faz também seguro de viagem, pois em atividades de aventura é sempre tão mais frequente a ocorrência de qualquer azar, e este trilho tem algumas etapas traiçoeiras! 😉 Opta pela prevenção!
A IATI tem seguros para pequenas escapadinhas em Portugal, ideais para quem faz este tipo de caminhadas. Sabe mais neste meu artigo sobre os seguros de viagem da IATI, e faz a tua reserva com o meu link para 5% de desconto.
Outros Trilhos em Portugal
- Recomendo em 1º lugar outro trilho no município da Batalha, mais simples e fácil, muito diferente, mas igualmente fabuloso: a Rota dos Moinhos da Pia do Urso.
- Que tal ir até à Serra do Sicó conhecer o Vale do Poio ou as Buracas do Casmilo? Vê o meu artigo detalhado sobre Pombal, onde encontrarás sugestões para trilhos.
- Podes ainda explorar mais do Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros. Por exemplo, que tal visitar as Grutas da Serra de Aire? Que tal fazer o trilho da Fórnea, o Trilho do Polje de Minde – Mira de Aire, a Ecopista da Corredoura, ou a Rota dos Frades de Alcanena?
- Na Figueira da Foz tens de percorrer a Rota das Salinas que é brutal!
- No município de Aveiro, já pensaste ir fazer os Passadiços da Barrinha de Esmoriz, os Passadiços da Ria de Aveiro ou os Passadiços da Costa Nova?
- Seguindo para visitar o Porto, que tal ir percorrer os Passadiços de Arcozelo, em Vila Nova de Gaia?
- Vai fazer alguns dos Trilhos do Gerês para alcançar as melhores lagoas e cascatas do Gerês. Já conheces a Ecovia do Vez e os Passadiços do Sistelo? E o Trilho das Brandas do Sistelo?
- Que tal ir descobrir a Serra de Arga, que tal como o Gerês, fica no Norte de Portugal?
- Ou a Serra da Cabreira, a sul do Gerês?
- A Serra da Estrela e a Serra da Lousã são imperdíveis no Centro de Portugal.
- Toda a região da Grande Rota do Zêzere é incrível. Já ouviste falar, por exemplo, do Trilho das Cascatas de Vila de Rei?
- E até encontras trilhos fabulosos num roteiro pelo Algarve, como é caso do Percurso dos Sete Vales Suspensos ou do Trilho da Praia da Luz a Lagos.
Boas caminhadas! 😉 Conta-me nos comentários se este trilho te agradou!
