Visitar o Cadaval consiste principalmente em partir à descoberta da Serra de Montejunto, de pequena dimensão, mas de extraordinária beleza paisagística. Não é, na minha opinião, o centro da vila que encanta, mas sim a natureza da montanha e os pitorescos recantos que se encontram nas aldeias que a rodeiam.
Não esquecer também o delicioso pão de ló da Ti’Piedade, de tradição bem antiga no município. A seu tempo irei mencioná-lo em mais detalhe, neste artigo.
Se pretendes visitar esta região do distrito de Lisboa, então continua a ler o texto que se segue. 😉 E aproveita para me seguir nas redes sociais, clicando no botão em baixo.
Onde fica o Cadaval?
O Cadaval fica no distrito de Lisboa, mesmo na fronteira com o distrito de Leiria. Nas redondezas ficam Caldas da Rainha, Rio Maior, Azambuja, Alenquer, Torres Vedras, Lourinhã, e o Bombarral. Partilha a Serra de Montejunto com o município de Alenquer.
Lista dos municípios de Lisboa: Lourinhã | Cadaval | Torres Vedras | Alenquer | Azambuja | Mafra | Sobral de Monte Agraço | Arruda dos Vinhos | Vila Franca de Xira | Sintra | Loures | Cascais | Oeiras | Amadora | Lisboa
Como chegar ao Cadaval?
Para chegar ao Cadaval, existem autocarros diretos da Rodoviária do Oeste, a partir de Lisboa – Campo Grande. No entanto, é preferível visitar o Cadaval com carro, já que o essencial para descobrir são as paisagens da Serra de Montejunto. Deixo-te a hipótese de aluguer de carro com a Discover Cars, caso não tenhas viatura própria.
Quando visitar o Cadaval?
O Cadaval pode ser visitado em qualquer altura do ano, apesar de eu preferir a estação da primavera: será tudo mais verde e mais bonito, em especial na Serra de Montejunto. As caminhadas serão bem mais agradáveis, e exigirão menos esforço, já que estará menos calor.
Tem em atenção, no entanto, às principais festividades no Cadaval:
- A Festa das Adiafas e Festival do Vinho Leve – Realiza-se no mês de Outubro, para celebrar o final das colheitas. Serve para divulgação de produtos regionais.
- O Mercado EcoRural do Oeste, todos os sábados, no Mercado Municipal.
- A Antiga Feira do Gado, no 25 de Março.
- A Feira de Artesanto, Velharias e Colecionismo, no 4º sábado de cada mês.
- A Feira de São João, no 24 de Junho.
- A Feira dos Pinhões, a 8 de Dezembro.
- E a Romaria de Nossa Senhora das Neves, padroeira de Montejunto, na altura do 5 de Agosto (a partir de Pragança).
Gastronomia e Restaurantes ao visitar o Cadaval
No que toca a gastronomia, tenta visitar o Cadaval ao sábado, de modo a conseguires passar pelo Mercado EcoRural do Oeste: lá terás acesso aos principais produtos típicos e regionais.
- Eu saliento sem dúvida o pão de ló Ti’Piedade, que podes adquirir diretamente na sua fábrica, em Painho, no norte do Cadaval. A receita original remonta há vários séculos, já existindo na época dos descobrimentos, quando foi levado pelos portugueses até ao Japão. Hoje em dia produzem também pão de ló de chocolate e pão de ló com canela. 😉
- O Mel da Serra de Montejunto também é um produto muito procurado, quando se visita o Cadaval. Encontrei-o à venda, por exemplo, no Centro de Interpretação Ambiental de Montejunto, no topo da serra.
- Também os queijos são apetecíveis, e diz-se terem um sabor particular, devido aos pastos únicos da Serra de Montejunto.
- Não esquecer os vinhos da Quinta do Gradil: é possível visitar a quinta para fazer provas de vinhos e outras atividades. 😉 Podes também optar pela Adega Cooperativa do Cadaval, localizada no centro da vila.
Para restaurantes, eu experimentei o Pátio da Serra, e achei bom. Mas existem outros a considerar, por exemplo, o restaurante A Telha.
1. Pão de ló Ti’Piedade
2. Quinta do Gradil
Onde dormir ao visitar o Cadaval?
Alojamento | Pontuação | Localização |
---|---|---|
Bagos do Vilar | 8.9 | Montejunto – Vilar |
Casa da Eira | 9.8 | Montejunto – Pragança |
ArtVilla | 9.0 | Montejunto – Vila Nova |
Terra Luso Proche | 9.1 | Montejunto – Rochaforte |
Cadaval | O que visitar, ver e fazer?
Finalmente, o que visitar no Cadaval e serra de Montejunto. Tem em atenção que deves ler este artigo em paralelo com outro deste blog referente a Alenquer, já que a Serra de Montejunto fica dividida entre estes dois municípios do distrito de Lisboa. 😉 No artigo de Alenquer encontrarás informação detalhada sobre o que visitar na região sul da Serra de Montejunto; alguns lugares podem estar apresentados nos dois artigos.
Mapa com tudo o que visitar no Cadaval
Visitar o Centro do Cadaval
Começando pelo centro do Cadaval, deixo desde já claro que é totalmente opcional, estando as principais atrações do município na Serra de Montejunto (não esquecendo o pão de ló Ti’Piedade e a Quinta do Gradil).
1. Parque dos Lápis
Se decidires visitar o centro da vila do Cadaval, estaciona então junto do Parque dos Lápis, em redor do qual estão localizadas as principais atrações. Este parque é o único da vila, tendo espaço para merendas, para as crianças, e ainda equipamentos para a prática de exercício físico.
2. Museu Municipal do Cadaval
Junto do Parque dos Lápis encontrarás o Museu Municipal do Cadaval, que se divide em dois núcleos:
- O Núcleo da História do Cadaval e respetivo território, com exposições relacionadas com a arqueologia, história e património cultural do concelho.
- E o Núcleo Museológico do Moinho das Castanholas. Este moinho é metálico, data de 1948 e tem quatro casais de mós que podiam moer trigo e milho. Terminou a sua atividade em 1995, e agora está aberto à visitação do público em geral. Tem uma exposição sobre os diversos tipos de moinhos do concelho do Cadaval, que são mesmo muitos, especialmente na Serra de Montejunto. Ali também poderás aprender sobre o trabalho do moleiro e sobre o ciclo do cereal.
Esta é a atração mais importante da vila. Junto do museu municipal também encontrarás a biblioteca municipal.
3. Núcleo Museológico do Moinho das Castanholas
4. Adega Cooperativa do Cadaval
A Adega Cooperativa já exige uma caminhada pelo centro da vila, a partir do parque dos Lápis. Para saber mais sobre ela, e sobre os vinhos que produz, o ideal será consultares o site oficial, clicando aqui. Existe desde 1963.
5. Câmara Municipal do Cadaval e Mercado Municipal
Depois deves passar pela Câmara Municipal do Cadaval, de aspeto moderno, e também pelo mercado municipal. Se for não for sábado, dia de Mercado EcoRural do Oeste, ignora-o.
6. Praça da República do Cadaval
Passa também pela Praça da República, a mais central da vila. Nos arredores encontrarás o Cine-Auditório do Cadaval.
7. Igreja de Nossa Senhora da Conceição
Da Praça da República “é um pulinho” até à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, também ela muito simples em arquitetura e decoração.
8. Moinho da Forca
Para terminar, o Moinho da Forca, logo à saída da vila. É uma construção localizada no topo de um pequeno monte, com uns passadiços de madeira em redor e um simples parque de merendas. Apesar do nome permanecer, o moinho já não existe, tendo sido substituído nos anos 40 por um depósito de água. De visita totalmente opcional!
Visitar a Serra de Montejunto no Cadaval
Para te apresentar a Serra de Montejunto, decidi preparar um pequeno roteiro que poderás seguir durante a tua viagem pela região, e que começa em Pragança, a aldeia-coração desta montanha.
1. Aldeia e Castro de Pragança
Numa visita a Pragança, a minha recomendação é que comeces por conhecer o que rodeia a igreja e o coreto, de onde se alcança um bonito miradouro tanto para a região do Cadaval como para a própria aldeia.
O melhor miradouro de Pragança, contudo, é o do Castro de Pragança. Esta fortificação foi descoberta em 1893, e perante estudos arqueológicos efetuados posteriormente acredita-se que terá sido habitada desde o 3º milénio a.C. até à época romana.
Como curiosidade, destaco o facto de ter sido encontrado por ali um tesouro da idade do Ferro, hoje em exposição no museu nacional de Arqueologia, em Lisboa. O dito “tesouro” era composto por uma lúnula de ouro, três lúnulas de prata, um colar de prata, e um vaso de prata com bordo em ouro.
2. Grutas de Montejunto
A partir de Pragança tens duas hipóteses de continuação do roteiro: ou segues para o topo da serra, ou decides fazer um desvio até às grutas de Montejunto. 😉 Eu recomendo que faças o desvio. No final terás de regressar a Pragança pela mesma estrada.
Eu conheci uma das grutas de Montejunto, mas acredito que existam outras, ou não fosse a Serra de Montejunto pertencente ao Maciço Calcário Estremenho. A que conheci está preparada para visita, tendo uma escada de metal para auxiliar na descida ao interior da terra. É um sítio sem qualquer tipo de vigilância, literalmente no meio do nada. 😉
Nota: para chegar às grutas de Montejunto é necessário conduzir por uma estrada de terra, mas a mesma é perfeitamente transitável. Só não é transitável a continuação da estrada de terra até à zona de São Salvador. Esse pedaço é totalmente intransitável, a não ser que tenhas um carro todo-o-terreno. Tem isto em atenção!
3. Miradouro da Cruz Salvé Rainha
Seguindo agora para o topo da serra, a partir de Pragança, vais primeiro passar por um miradouro à beira da estrada, conhecido como Miradouro da Cruz Salvé Rainha. O nome deve-se ao cruzeiro que ali encontrarás, e a vista é excelente para a aldeia de Pragança e todo o município do Cadaval, até se perder no horizonte!
Existem ali alguns painéis de informação, com detalhes curiosos sobre a biodiversidade da Serra de Montejunto.
4. Moinho dos Moloiços e Pico da Abrigada
A certa altura chegarás à pequena Lagoa de Montejunto, e é aí que poderás fazer mais um desvio, desta vez opcional, já que não te permitirá melhores vistas do que as que alcançaste no miradouro anterior.
Este desvio deverá ser feito a pé, correspondendo a um trilho de menos de 3km, ida e volta. É um desvio até ao Moinho dos Moloiços e Pico da Abrigada, junto dos quais se formam escarpas rochosas impressionantes, com o nome de Penhas do Meio Dia.
5. Percurso da Biodiversidade de Montejunto
O melhor trilho a fazer na Serra de Montejunto é sem dúvida o Trilho da Biodiversidade. Este percurso começa junto do Centro de Interpretação Ambiental de Montejunto e passa por um conjunto de 8 estações de biodiversidade, ao longo de 2km. O trilho está bem marcado, e recomendo-o totalmente, já que é mesmo muito bonito, agradável e muito fácil de se fazer.
Depois da caminhada, que tal fazer um piquenique no excelente parque de merendas da Serra de Montejunto? Que tal ficar a dormir uma ou duas noites no parque de campismo? A zona é realmente magnífica para um retiro de contacto com a natureza.
6. Real Fábrica do Gelo
Não esqueças também de visitar a Real Fábrica do Gelo. É uma visita guiada que podes organizar junto do Centro de Interpretação Ambiental de Montejunto. Fazem-se algumas visitas por dia, mas em horários marcados, pelo que deves mesmo contactar o centro. A visita guiada é super interessante!
A Real Fábrica do Gelo impressionou-me imenso, pois desconhecia que alguma vez tivesse existido tal estrutura em Portugal. É mesmo aquilo que o nome indica: ali fabricou-se gelo, tanto para usufruto da família real (daí o nome), como para os cafés da cidade de Lisboa, por exemplo. A fábrica remonta a 1741, século XVIII.
A título de curiosidade, o gelo era fabricado utilizando o frio da serra, em tanques rasos de água. No inverno fabricava-se o gelo, de noite, sendo o gelo armazenado em silos de conservação até que chegasse o verão. No verão era transportado todas as noites de burro até ao rio Tejo, e daí de barco até Lisboa. A fábrica funcionou até ao fim de século XIX.
7. Capela de Nossa Senhora das Neves e ruínas do Convento dos Dominicanos
A Capela de Nossa Senhora das Neves fica pertíssimo do topo da Serra de Montejunto, e ao lado encontrarás o Convento dos Dominicanos, ou neste caso, as suas ruínas. Foi o primeiro convento da Ordem de São Domingos em Portugal, com origem no século XIII, apesar de as estruturas atuais serem principalmente de alterações do século XVIII.
A capela é curiosamente mais antiga que o convento, não se sabendo exatamente o ano da sua construção inicial. É a capela que está na origem da romaria que mencionei no início deste artigo como um dos motivos para visitar o Cadaval e a Serra de Montejunto (5 de Agosto).
Não esqueças de percorrer um pouco da Calçada dos Frades, construída no século XVIII. Facilitava o acesso ao convento e capela mencionados.
8. Ermida de São João Baptista e Antenas de Montejunto
Outra capela importante é a de São João Baptista, junto das Antenas de Montejunto, no topo da serra. Dali terás vistas espetaculares, tanto para a região a norte da serra, como para a região a sul.
- A título de curiosidade, descobri que a esta capela acorrem pessoas com doenças do foro psicológico ou da cabeça, acreditando na cura se passarem com a mão na cabeça da imagem de São João Baptista.
- Outra curiosidade está relacionada com a fundação da aldeia de Cabanas de Torres. Supostamente ter-se-ão refugiado no topo da Serra de Montejunto diversas famílias de Torres Vedras, que fugiam da peste. Ali construíram cabanas, descendo depois da epidemia para a base da montanha, para o lugar onde hoje fica a aldeia.
9. Penhas do Relvio e Rua do Montejunto
Resta descer novamente a Serra de Montejunto, e esta descida é feita pela Rua de Montejunto, uma das mais cénicas que vais percorrer em todo este roteiro. Eu até recomendo que a faças nos dois sentidos, para admirar devidamente toda a paisagem.
Ao longo do percurso passarás por enormes escarpas rochosas que possuem o nome de Penhas do Relvio. Podes parar o carro por ali e subir ao seu topo, por um pequeno trilho que existe entre a vegetação. Deixei a localização marcada no mapa deste artigo.
Nota: A subida às Penhas do Relvio é para quem se sente à vontade para o fazer, obviamente.
10. Moinhos do Caminho do Pôr do Sol
A certa altura da Rua de Montejunto, faz obrigatoriamente o desvio para percorrer o Caminho do Pôr do Sol, uma estrada tão ou mais cénica. É composta por diversos moinhos de vento, entre os quais o Moinho de Avis, o Moinho da Lage, e o Moinho Penedo dos Ovos. A serra de Montejunto é famosa por deter a maior concentração de moinhos de vento da Península Ibérica. 😉 O Moinho de Avis, em especial, data de 1810, tendo sido restaurado em 2008. Diz-se que é o maior moinho de vento em Portugal. Se é, ou não, confesso que não tenho a certeza!
11. Aldeias de Vilar, Avenal, e Pereiro
Para terminar a Serra de Montejunto (do lado do Cadaval), falta visitar outras aldeias na base da montanha, nomeadamente Vilar, Avenal e Pereiro. Faz um percurso de carro por elas, não esquecendo desvio para visitar os Moinhos da Costa do Seixo.
Nestas aldeias deparei-me com inscrições nas casas, referentes a tradições do 5/6 de Janeiro. Todos os anos se pintam e cantam os reis, com a esperança de um bom ano e de prosperidade para os habitantes. Podes ver estas pinturas em baixo, nas fotos dos moinhos da Costa do Seixo.
12. Cercal e São Salvador
Opcionalmente passa pelas aldeias do Cercal e de São Salvador. Esta última, em particular, fica muito bem enquadrada com a serra de Montejunto.
O que visitar nos arredores do Cadaval?
- Nos arredores do Cadaval deves visitar Alenquer, obrigatoriamente. Existem vários lugares de interesse para conhecer na parte sul da Serra de Montejunto. Alguns lugares poderão coincidir com os deste artigo, mas existirão outros completamente novos.
- Que tal visitar também o Parque dos Budas, no Bombarral?
- Que tal visitar a Vila Medieval de Óbidos ou as Caldas da Rainha?
- Que tal visitar as salinas de Rio Maior?
- Que tal seguir para a Lourinhã, para visitar o Dino Parque? Ou Torres Vedras, com as suas inúmeras fortalezas da época das Invasões Francesas?
São várias as opções, neste blog tens vários artigos úteis para te ajudar no planeamento. 😉 Boas viagens!