Pedro DominguesVisitar Alenquer é descobrir a região que se intitula ser a alma dos vinhos de Lisboa. Não faltam quintas para conhecer durante uma visita mais prolongada, ideais para fazer deliciosas provas de vinho.
Também é um dos municípios que contém a Serra de Montejunto, famosa por deter a maior concentração de moinhos de vento da Península Ibérica. Sabias que ali se produziu em tempos o gelo que abastecia a cidade de Lisboa e família real?
Se és fã da novela da TVI Festa é Festa, vais adorar passear pela Aldeia Galega da Merceana, que serviu de inspiração para a aldeia da Bela Vida. 😉
Neste artigo vais encontrar todas as minhas dicas para o que visitar em Alenquer. Antes de continuares a ler, segue-me nas redes sociais, clicando no botão que se segue.
Onde fica Alenquer?
Alenquer fica no distrito de Lisboa. É limitado pelos municípios do Cadaval, Azambuja, Vila Franca de Xira, Arruda dos Vinhos, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras. No que diz respeito à serra de Montejunto, divide-a com o Cadaval.
Lista dos municípios de Lisboa: Lourinhã | Cadaval | Torres Vedras | Alenquer | Azambuja | Mafra | Sobral de Monte Agraço | Arruda dos Vinhos | Vila Franca de Xira | Sintra | Loures | Cascais | Oeiras | Amadora | Lisboa
Como chegar a Alenquer?
Para chegar a Alenquer existem autocarros da Boa Viagem, a partir de Lisboa – Campo Grande. No entanto, é preferível visitar Alenquer com carro, já que existe imenso para descobrir para além da vila, por exemplo a Serra de Montejunto. Deixo-te a hipótese de aluguer de carro com a Discover Cars, caso não tenhas viatura própria.
Quando visitar Alenquer?
Poderás visitar Alenquer em qualquer altura do ano, sem excepção. No entanto, eu escolheria visitar a região durante uma das principais festividades do município:
- A Romaria de Santa Quitéria de Meca, que se realiza no 1º domingo depois do 22 de Maio. É uma festa com procissão, bênção de gado e arraial, atraindo sempre muitas pessoas.
- A Feira da Ascensão, que se realiza em pleno parque urbano da Romeira, todos os anos, quarenta dias depois da páscoa. É o maior e mais importante evento do município, sendo composta por uma tradicional sardinhada, largadas de touros, e uma mostra de artesanato e produtos regionais.
- As Festas do Divino Espirito Santo, de cariz religioso. Podes saber mais sobre elas, e respetivo programa, no site oficial.
- O Festival Alma do Vinho, realizado em setembro. Conjuga música a vitivinicultura, cultura e gastronomia. É uma excelente forma de conhecer os diversos produtores de vinho da região, e até fazer umas provas. Este é o site oficial do evento.
- E o Natal em Alenquer, com o seu presépio monumental, um dos mais bonitos de Portugal. Sabe mais aqui.
Gastronomia e Restaurantes ao visitar Alenquer
No que toca a gastronomia, sem dúvida que devo realçar os produtos produzidos na região da Serra de Montejunto, em especial o mel e os queijos. Escolhe pratos à base de carne, como o arroz de matança, o cabrito à labrego ou assado no forno, e a cachola de porco.
Restaurantes: O Valério, Casta 85, A Prensa, e o Páteo Velho.
Onde dormir ao visitar Alenquer?
| Alojamento | Pontuação | Localização |
|---|---|---|
| Quinta da Pontinha | 8.9 | Alenquer |
| Casinha da Encosta | 9.1 | Alenquer |
| Sóis Montejunto Eco Lodge | 9.2 | Montejunto – Portela do Sol |
| Cambeiros Guest House | 8.9 | Aldeia Gavinha |
| Largo da Rainha Guest House | 9.3 | Merceana |
Alenquer | O que visitar, ver e fazer
No mapa em baixo encontrarás as diversas atrações a visitar no município de Alenquer. Decidi dividi-las em 4 etapas: visitar o centro de Alenquer, visitar a Serra de Montejunto, visitar a Aldeia Galega de Merceana, e finalmente, outros lugares dispersos e aleatórios no município, como por exemplo Meca e Aldeia Gavinha. A lilás deixei algumas das quintas e produtores de vinho do município, sobre as quais conseguirás informação detalhada ao visitar o Museu do Vinho de Alenquer, no centro da vila.
Mapa com tudo o que visitar em Alenquer
Visitar o Centro de Alenquer
No centro de Alenquer recomendo que deixes o carro no estacionamento do areal. Existe quase sempre espaço, que eu saiba. 😉 Dessa forma poderás começar a visita à vila pelo museu do vinho, que acabei de mencionar, entrando depois no centro histórico pelas Portas da Conceição do Castelo de Alenquer. 😉
1. Museu do Vinho de Alenquer
O Museu do Vinho é um excelente lugar para ficares a conhecer todos os produtores de vinho da região de Alenquer. Lembro-me de ver um mapa logo à entrada com a localização de cada um deles (deixo esse mapa nas fotografias em baixo). 😉 Este é o sítio ideal para que possas informar-te do que as quintas têm para te oferecer, como por exemplo visitas guiadas às adegas e provas de vinhos. A entrada é totalmente gratuita no museu, mas as provas e visitas guiadas têm o seu preço.
Eu não visitei todos os produtores e quintas de vinho de Alenquer, obviamente. Fiz as minhas escolhas e tu deverás fazer o mesmo. Em baixo deixo-te uma lista de alguns produtores com links úteis para os respetivos sites, mas claro que existem outros.
- Quinta do Pinto – produz vinhos tintos, brancos e rosé. Promove experiências de enoturismo, nomeadamente provas e visitas guiadas, mediante marcação prévia. Não visitei, fica para uma próxima.
- Casa Santos Lima – É um produtor com presença não só em Alenquer, como também no Douro, Algarve, Alentejo, Dão, e na região dos vinhos verdes, a norte. Também tem presença nos Açores. Em Alenquer fica a sua Quinta da Boavista, que promove visitas guiadas, provas de vinhos, passeios de buggy, ou mesmo de charrete. Convém marcar.
- Quinta do Carneiro – Produz vinhos tintos, brancos e rosé. Não tenho certeza se promove visitas aos diversos espaços da quinta, pelo que deves utilizar os contactos no site oficial, para saber mais.
- Quinta de D. Carlos – Tem uma história que remonta ao século XVI. Realiza eventos variados, como por exemplo casamentos. Também promove provas de vinho mediante marcação, com visita guiada às salas nobres do palácio da quinta.
- Sociedade Agrícola Felix Rocha – Foi um dos produtores que visitei, comprei uma garrafa de vinho que apreciei bastante. 😉
- Quinta de Chocapalha – Produz vinhos variados. Aceita visitas guiadas à vinha e adega, com prova de vinhos. Marcação antecipada é obrigatória.
- Adega Cooperativa da Labrugeira – Também visitei este produtor, e ao mesmo tempo participei no festival das Sopas da Labrugeira, que decorria no momento. 😉 Comprei bons vinhos leves para partilhar em casa com a família. A marca Fructus escorrega tão bem que parece sumo. 😀
- Quinta do Convento de Nossa Senhora da Visitação – Pode ser uma excelente opção de alojamento para a tua visita à Serra de Montejunto, já que fica mesmo na base da montanha. Realiza eventos e promove o enoturismo com visitas às vinhas, adega, cave, e também às capelas e miradouros espalhados pela propriedade. Claro que permitirá nessas visitas fazer prova de vinhos. Estive lá.
- Quinta do Rangel – Abrem as portas a visitantes para provas e passeios pelas vinhas, e ainda para almoços e jantares, por exemplo.
- Quinta de Pancas – Muito antiga, datada de 1495. Foi pioneira na implementação de castas francesas em Portugal. Produz bons vinhos tintos e brancos.
No Museu do Vinho também encontrarás informação sobre o processo de fabrico do vinho, e técnicas e utensílios utilizados. Também aprenderás mais sobre a classificação de Alenquer enquanto região demarcada desde 1993.
De salientar que o edifício onde o museu se localiza data do início do século XIX: 1811, para ser mais preciso. Foi em tempos o Real Celeiro Público de Alenquer, tendo o objectivo de distribuição de sementes aos lavradores no sentido de se poder restabelecer a produção de cereais na região, após as invasões francesas.
2. Museu Damião de Góis e das Vítimas da Inquisição
Não muito longe do museu do vinho fica o Museu Damião de Góis, localizado na antiga Igreja de Santa Maria da Várzea. É um espaço que pretende:
- Relembrar a antiga Judiaria de Alenquer, bem como a expulsão dos judeus da vila, vítimas da Inquisição no final do século XV.
- E homenagear Damião de Góis, sepultado na igreja em 1574. Também ele foi perseguido pela Inquisição, sendo preso e condenado enquanto “herege, luterano, pertinaz e negativo”. Era na realidade um humanista, também famoso enquanto cronista, historiador e compositor.
3. Torre da Couraça e Porta da Conceição (Castelo de Alenquer)
Do Castelo de Alenquer resta a Torre da Couraça (que era utilizada para abastecimento de água), a Porta da Conceição e pequenos troços de muralha. Remonta à época da ocupação árabe do território português, tendo sido conquistado aos mouros por D. Afonso Henriques em 1148, e posteriormente integrado na linha dos castelos que defendiam a margem direita do Tejo.
4. Judiaria de Alenquer e Museu do Presépio
A antiga Judiaria de Alenquer ficava localizada mesmo na entrada do castelo. Deves explorar aquela parte da vila, nos dias de hoje, caminhando sempre na direção de onde se localiza a Câmara Municipal. É uma zona muito mais simples que as restantes de Alenquer, na minha opinião.
Ao longo do percurso passarás pela antiga escola de instrução pública Conde de Ferreira. Foi inaugurada em 1872, no local onde antes ficava a Igreja de Santo Estêvão. Hoje encontra-se ali sediado o Museu do Presépio de Alenquer, permitindo que entres em contacto com esta tradição natalícia da vila, mas não só. Ali estão em exposição presépios de vários períodos da história de Portugal e de vários pontos do país. As peças mais antigas remontam ao século XVI.
A título de curiosidade, em Alenquer surgiu o primeiro convento franciscano de Portugal, que irás conhecer mais à frente neste roteiro. Foi São Francisco que difundiu a tradição do presépio pelo mundo, e foi em Alenquer que ele surgiu em primeiro lugar em Portugal (de acordo com os registos que existem). Esta é uma das razões porque Alenquer se intitula de Vila Presépio ou de Presépio de Portugal, aliada à morfologia da vila, em encosta. O presépio monumental de Alenquer data de 1968 para homenagear as vítimas de uma grande cheia em 1967, que provocou a necessidade de reconstruir grande parte da baixa da vila. É composto por diversas peças, tendo as maiores cerca de 6 metros de altura.
5. Câmara Municipal de Alenquer e Jardim Municipal
Ao chegar ao largo da Câmara Municipal de Alenquer vais deparar-te com um pequeno jardim, e um excelente miradouro para a restante vila, que é mesmo bonita, quando observada dali.
Há que visitar de forma gratuita o interior da Câmara Municipal / Palácio Municipal, construído no fim do século XIX. Esta visita é guiada, e permite-te conhecer as principais salas nobres do edifício, tal como subir ao zimbório exterior, para vistas ainda mais espetaculares da vila, do que aquelas até então alcançadas. É imperdível.
6. Igreja da Misericórdia
Segue-se a Igreja da Misericórdia de Alenquer, do século XVI. É de arquitetura bem simples, e o interior também o é.
7. Chafariz de Alenquer e Arco dos Pinéus
Começa a dirigir-te depois para o Convento de São Francisco. Pelo caminho passarás por dois pontos de algum interesse: o Chafariz de Alenquer e o Arco dos Pinéus. São dois recantos bonitos e pitorescos da vila.
8. Convento e Igreja de São Francisco
Confesso que não visitei a Igreja de São Francisco, porque se encontrava fechada. No entanto, visitei o claustro de forma gratuita; foi só abrir a porta lateral em grade e entrar.
O Convento de São Francisco foi, como já referi antes, o primeiro da ordem franciscana a ser fundado em Portugal, mais precisamente no século XIII, por D. Sancha, filha do rei D. Sancho I, no lugar onde existiria o próprio paço real. No reinado de D. Manuel I renovou-se o claustro, e daí surgiu o pórtico manuelino da Casa do Capítulo, que é o ex-libris de todo o convento, estando classificado enquanto monumento nacional.
Não esquecer de admirar o miradouro que se alcança a partir do largo do convento.
9. Igreja de São Pedro
No regresso ao centro da vila, deves deslocar-te em primeiro lugar à Igreja de São Pedro, percorrendo as ruelas bonitas em calçada da envolvência. Tal como o convento de São Francisco, esta igreja remonta ao século XIII, apesar da construção atual não ser nada do que era antigamente, dado que ruiu por completo no terramoto de 1755.
10. Calçada Francisco Carmo e Largo Espírito Santo
A partir da Igreja de São Pedro irás descer finalmente à Baixa da vila, e eu recomendo que o faças pela Calçada Francisco Carmo, conhecida pelos locais como Calçadinha. Este caminho irá desembocar no Largo Espírito Santo, à beira do rio Alenquer.
De salientar a referência neste largo às Festas do Divino Espírito Santo de Alenquer, que se realizam há cerca de 700 anos no município, desde o reinado de D. Dinis e da Rainha Santa Isabel. São a maior manifestação de culto na região, e já as referi antes como motivo de visita a Alenquer.
Nas proximidades deves visitar a Capela do Espirito Santo, obviamente ligada à Rainha Santa Isabel. É uma igreja bem simples, tanto por fora como no interior.
11. Museu João Mário
Também na baixa de Alenquer vais encontrar o posto de turismo, e não muito longe, o Museu João Mário (que infelizmente não visitei por se encontrar fechado). Sei, no entanto, que está dedicado à obra do pintor com esse nome, contendo também outras obras de artistas seus amigos, tanto nacionais como estrangeiros.
12. Jardim Vaz Monteiro e Passeio Ribeirinho de Alenquer
Depois de uma visita ao museu, senta-te a admirar a calma que se vive em Alenquer, em pleno Jardim Vaz Monteiro. Será então hora de regressar ao ponto de partida, fazendo uma caminhada agradável pelas margens do rio Alenquer. Não esqueças um desvio ao Mercado Municipal e Capela de Santa Catarina.
14. Jardim das Águas e Mata do Areal
De volta ao estacionamento do areal, podes opcionalmente ir conhecer o Jardim das Águas e a Mata do Areal. No que diz respeito ao jardim, salienta-se o facto de ali ter sido plantada uma pequena vinha, de diferentes castas de uvas.
15. Miradouro do Alto da Boavista
Aos próximos dois pontos turísticos poderás e deverás aceder de carro. O Miradouro do Alto da Boavista, para começar, é um dos melhores miradouros de Alenquer, permitindo uma vista desimpedida para todo o centro da vila. Tem baloiço turístico.
16. Parque Urbano da Romeira
Termina no Parque Urbano da Romeira, onde alguns dos principais eventos da vila se realizam. É também um complexo desportivo para Alenquer. A título de curiosidade, o enorme edifício que poderás observar nas fotos em baixo trata-se da antiga Fábrica da Romeira / Chemina, dedicada ao ramo da fiação e tecidos. Chegou a empregar quase 300 pessoas, remontando a 1872, com cessação de atividade nos anos 60.
Visitar a Serra de Montejunto em Alenquer
A segunda etapa deste roteiro deve consistir numa visita à Serra de Montejunto. Recomendo mesmo que sigas o itinerário que recomendo em baixo, sendo que podes ignorar os primeiros 4 pontos, se assim preferires. 😉 Não esqueças de ler o meu artigo sobre o que visitar no Cadaval, para informação sobre pontos turísticos na parte norte da serra.
1. Cabanas de Torres
Cabanas de Torres é uma das principais povoações na base da serra de Montejunto. Para além da igreja de São Gregório, recomendo passagem pelo Parque de Lazer dos Cortiços, onde existem alguns moinhos de vento e excelente miradouro para a montanha. Passa também pelo moinho de vento do Maneta (é necessário fazer uma pequena caminhada), a partir do qual se observa uma paisagem também muito bonita.
2. Moinhos da Portela do Sol
Também no lugar de Portela do Sol existe um núcleo de moinhos de vento bastante significativo, cuja localização identifiquei no mapa deste artigo. Existe, inclusive, uma “rua dos moinhos”, que deverás percorrer.
3. Vila Verde dos Francos
Passando para Vila Verde dos Francos, poderás conhecer a Igreja de Nossa Senhora dos Anjos e a Capela da Misericórdia. Mais importante ainda, no entanto, é o seu castelo, que provavelmente seria uma simples atalaia posicionada estrategicamente para apoiar fortalezas mais importantes na região, como é o caso das de Óbidos, Torres Vedras e Alenquer.
4. Moinhos do Almargem
Antes de subir a serra de Montejunto, que tal passar pelos Moinhos do Almargem? Eu tive a sorte de encontrar um deles aberto e em manutenção pelo dono. 😉 Localização marcada no mapa do artigo.
5. Rua do Montejunto e Penhas do Relvio
Resta subir a Serra de Montejunto, sendo que esta subida é feita pela Rua de Montejunto, uma das mais cénicas da serra. Ao longo do percurso passarás por enormes escarpas rochosas que possuem o nome de Penhas do Relvio.
6. Moinhos do Caminho do Pôr do Sol
Também ao longo da Rua de Montejunto deverás fazer um desvio para percorrer o Caminho do Pôr do Sol, uma estrada tão ou mais cénica que a anterior. É composta por diversos moinhos de vento, entre os quais o Moinho de Avis, o Moinho da Lage, e o Moinho Penedo dos Ovos. A serra de Montejunto é famosa por deter a maior concentração de moinhos de vento da Península Ibérica, como já referi, e o Moinho de Avis, em especial, data de 1810, tendo sido restaurado em 2008. Diz-se que é o maior moinho de vento em Portugal; se é, ou não, não tenho a certeza.
7. Percurso da Biodiversidade de Montejunto
No topo da serra, há que fazer o Trilho da Biodiversidade de Montejunto. Este percurso começa junto do Centro de Interpretação Ambiental e passa por um conjunto de 8 estações de biodiversidade, ao longo de 2km. O trilho está bem marcado, e recomendo-o totalmente, já que é mesmo muito bonito, agradável e muito fácil de se fazer.
Depois da caminhada, que tal fazer um piquenique no excelente parque de merendas da Serra de Montejunto? Que tal ficar a dormir uma ou duas noites no parque de campismo? A zona é realmente magnífica para um retiro de contacto com a natureza.
8. Real Fábrica do Gelo
Não esqueças também de visitar a Real Fábrica do Gelo. É uma visita guiada que podes organizar junto do Centro de Interpretação Ambiental de Montejunto. Fazem-se algumas visitas por dia, mas em horários marcados, pelo que deves mesmo contactar o centro. A visita guiada é super interessante!
A Real Fábrica do Gelo impressionou-me imenso, pois desconhecia que alguma vez tivesse existido tal estrutura em Portugal. É mesmo aquilo que o nome indica: ali fabricou-se gelo, tanto para usufruto da família real (daí o nome), como também para os cafés da cidade de Lisboa, por exemplo. A fábrica remonta a 1741, século XVIII.
A título de curiosidade, o gelo era fabricado utilizando o frio da serra, em tanques rasos de água. No inverno fabricava-se o gelo, de noite, sendo o gelo armazenado em silos de conservação até que chegasse o verão. No verão era transportado todas as noites de burro até ao rio Tejo, e daí de barco até Lisboa. A fábrica funcionou até ao fim de século XIX.
9. Capela de Nossa Senhora das Neves e ruínas do Convento dos Dominicanos
Poderás subir à Capela de Nossa Senhora das Neves de carro ou a pé, através da Calçada dos Frades, construída no século XVIII. Ao lado da capela encontrarás o Convento dos Dominicanos, ou neste caso, as suas ruínas. Foi o primeiro convento da Ordem de São Domingos em Portugal, com origem no século XIII, apesar das estruturas atuais serem principalmente de alterações do século XVIII.
10. Ermida de São João Baptista e Antenas de Montejunto
Outra capela importante é a de São João Baptista, junto das Antenas de Montejunto. Dali terás vistas espetaculares, tanto para a região a sul da serra (Alenquer), como para a região a norte (Cadaval).
- A título de curiosidade, descobri que a esta capela acorrem pessoas com doenças do foro psicológico ou da cabeça, acreditando na cura se passarem com a mão na cabeça da imagem de São João Baptista.
- Outra curiosidade está relacionada com a fundação da aldeia de Cabanas de Torres. Supostamente ter-se-ão refugiado no topo da Serra de Montejunto diversas famílias de Torres Vedras, que fugiam da peste. Ali construíram cabanas, descendo depois da epidemia para a base da montanha, para o lugar onde hoje fica a aldeia.
11. Descida da Serra de Montejunto
Falta descer novamente a serra. Se preferires, podes fazê-lo novamente pela rua de Montejunto, já que essa rua merece mesmo ser percorrida nos dois sentidos. Outra hipótese exige passagem por Pragança, do lado do Cadaval, e nesse caso:
- Pára para admirar o Miradouro do Cruzeiro Salvé Rainha.
- Vai visitar Pragança, com destaque para o miradouro do castro.
- Corta em direção às grutas de Montejunto, seguindo depois para sul, em direção à aldeia da Abrigada.
No meu artigo do Cadaval tenho mais informação.
Visitar a Aldeia Galega da Merceana (aldeia da novela Festa é Festa da TVI!)
A terceira etapa deste roteiro por Alenquer consiste numa visita à Aldeia Galega da Merceana, onde foram efetuadas filmagens para a novela Festa é Festa da TVI. Esta foi a aldeia que serviu de inspiração para a aldeia da Bela Vida.
Não existe muito para conhecer ali, na realidade, mas o que existe é bonito. Eu recomendo que dês uma breve volta pelo centro, visitando a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, a Capela do Espirito Santo, e o largo do pelourinho. O pelourinho é manuelino.
Nos arredores da aldeia, destaca-se por exemplo:
- O Baloiço da Forca, com excelente vista para ela. É necessário caminhar até lá, mas vale a pena.
- A Igreja de Nossa Senhora da Piedade de Merceana, que por dentro é lindíssima (pelas fotos que vi). Tenho imensa pena de não a ter encontrado aberta.
- E o Convento de Santo António de Charnais, fundado pelos Frades Franciscanos no século XVII.
Outros lugares para visitar em Alenquer
Finalmente, os lugares dispersos pelo município que poderás não querer esquecer. Um deles é totalmente obrigatório, Meca!
1. Basílica de Santa Quitéria de Meca e Rota do Vulcão
Meca é uma aldeia de passagem obrigatória pela sua Basílica de Santa Quitéria. Trata-se de uma igreja mandada construir do século XVIII, que é brutal tanto por fora como por dentro, e que é responsável pela romaria que mencionei no início deste artigo como motivo de visita a Alenquer. Destaca-se a benção de Gado nessa festa, que se realiza todos os anos.
Em Meca também poderás fazer um trilho interessante denominado por PR5 – Rota de Santa Quitéria. Na realidade, a maioria das pessoas apelida este trilho de Rota do Vulcão. Pelo que pesquisei, no cabeço de Santa Quitéria está mesmo uma antiga chaminé vulcânica, parte integrante da Rede de Vulcões da Península de Lisboa. Sabias disto? Eu desconhecia totalmente a existência de uma chaminé vulcânica nesta região.
2. Aldeia Gavinha
Em Aldeia Gavinha, que tal visitar a Igreja de Santa Maria Madelena, a Fonte Gótica e o Espaço Memória dedicado à atriz Palmira Bastos? Opcional.
3. Ecoparque e Baloiço das Surraipas
O Ecoparque das Surraipas é totalmente opcional, apesar do baloiço ter uma excelente vista para a Serra do Montejunto, como poderás confirmar nas fotos que se seguem.
4. Abrigada e Baloiço de Montejunto
Finalmente a aldeia da Abrigada, com alguns edifícios de estilo apalaçado, como é o caso do Palácio do Visconde. Nos arredores poderás encontrar o simples baloiço de Montejunto, pendurado numa árvore, e virado para serra.
O que visitar nos arredores de Alenquer?
- Nos arredores de Alenquer deves visitar o Cadaval, obrigatoriamente. Existem vários lugares de interesse para conhecer na parte norte da Serra de Montejunto.
- Poderás também começar a explorar a região de Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço e Arruda dos Vinhos, repletas de fortalezas da época das Invasões Francesas.
- Podes seguir para Vila Franca de Xira ou Azambuja, aproximando-te do rio Tejo. As paisagens ribeirinhas não desiludem, e eu deixo-te a nota de que gostei mesmo muito de Vila Franca de Xira, em especial.
São várias as opções, neste blog tens vários artigos úteis para te ajudar no planeamento. 😉 Boas viagens!
